Ditatura Militar - Trabalhando com Músicas
Introdução: Atividade de História - Professor Bruno
A ditadura militar no Brasil foi um período complexo e conturbado que ocorreu entre 1964 e 1985. Durante esse tempo, o país passou por um regime autoritário em que as liberdades civis foram restringidas, a censura foi amplamente aplicada e houve violações dos direitos humanos. Esse período foi marcado pelo controle militar do governo, que afetou profundamente a sociedade, a política e a cultura brasileira.
Um aspecto notável desse período foi o uso da música como forma de protesto contra a repressão e as injustiças perpetradas pelo regime militar. Muitos artistas se tornaram porta-vozes da insatisfação popular por meio de suas letras engajadas e impactantes. Suas músicas se transformaram em hinos de resistência, simbolizando a luta pela liberdade de expressão e pelos direitos humanos.
Canções emblemáticas como "Para Não Dizer Que Não Falei das Flores" de Geraldo Vandré, "Cálice" de Chico Buarque, "Apesar de Você" também de Chico Buarque, e "Alegria, Alegria" de Caetano Veloso, desafiaram a censura e transmitiram mensagens de protesto de maneira poética e metafórica. Essas músicas refletiam o sentimento de indignação da sociedade perante as injustiças e a falta de liberdade durante a ditadura.
Ao analisar essas músicas, podemos entender como os artistas usaram a arte como uma ferramenta de crítica social, questionando a opressão, a censura e a violência do regime militar. Cada canção oferece uma perspectiva única sobre esse momento histórico, contribuindo para a preservação da memória e da luta do povo brasileiro por justiça e democracia.
Segue as músicas:
Música 1 -
Cálice - Interpretado por Chico Buarque e Milton Nascimento - Na canção, cheia de duplos sentidos, a palavra "Cálice" faz menção a "calar-se", denunciando os abusos contra a liberdade de expressão por parte do governo, ao mesmo tempo, insinua que os ditadores também deviam se calar, deixando de ditar ordens repressão, tortura, censura. O "vinho tinto de sangue" revela todas as torturas e mortes de pessoas consideradas "inimigas" do governo que estavam ocorrendo naquele momento.
Metáfora: “Pai, afasta de mim esse cálice” Interpretação: A palavra “cálice” é um trocadilho com “cale-se”, referindo-se à censura e repressão durante a ditadura militar. A metáfora evoca a oração de Jesus no Jardim do Getsêmani, pedindo para ser poupado do sofrimento, simbolizando o desejo de liberdade e o fim da opressão.
Metáfora: “De muito gorda a porca já não anda” Interpretação: A “porca” representa o regime opressor, que se tornou tão corrupto e inchado de poder que já não consegue se mover. É uma crítica à ineficiência e à corrupção do governo militar. Metáfora: “Quero cheirar fumaça de óleo diesel” Interpretação: A fumaça de óleo diesel simboliza a industrialização e o progresso material, mas também a poluição e a degradação ambiental. É uma crítica ao desenvolvimento a qualquer custo, sem considerar as consequências sociais e ambientais.
Cálice
Canção de Chico Buarque
Escrita em 1973, porém lançada em 1978 devido a censura
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta (Pai, cálice)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, Pai!
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice (Pai!)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cálice)
Nem seja a vida um fato consumado (Cálice, cálice)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cálice, cálice, cálice)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai, cálice, cálice)
Quero perder de vez tua cabeça (Cálice)
Minha cabeça perder teu juízo (Cálice)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cálice)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cálice)
Compositores: Francisco Buarque De Hollanda / Gilberto Passos Gil Moreira
Música 2 -
Alegria, alegria - Interpretada por Caetano Veloso - A canção reflete uma juventude que conviveu com "crimes, espaçonaves, guerrilhas", mas que não perdeu a vontade de ser livre, de amar e lutar por um futuro melhor.
Alegria, alegria
Canção de Caetano Veloso
Lançada em 1967, essa música é um marco do movimento tropicalista no Brasil.Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento
Eu vou
Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe, até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Por que não, por que não?
Compositores: Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso
Música 3 -
Contexto: Pra não dizer que não falei de flores - interpretada por Geraldo Vandré - A canção se tornou um hino de resistência e convidava as pessoas a se unir, agir e lutar por dias mais livres e democráticos.
Caminhando
Canção de Geraldo Vandré
Música lançada em 1968.
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas, marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Compositores: Geraldo Pedrosa De Araújo Dias
No seu caderno responda as seguintes perguntas
- Como a censura e a repressão afetaram a expressão artística e a liberdade de expressão na época?
- Quais são os principais temas abordados em cada uma das músicas?
- Cite 2 exemplos de metáforas e ou simbolismo que os artistas usaram para transmitir sua mensagem de protesto? Explique o significa da palavra tanto como metáfora como o real sentido.
- Como o público provavelmente reagiu a essas músicas na época?
- As músicas tinham o objetivo de incentivar a ação ou conscientização da população? Como?
- Na sua opinião, como essas músicas podem ter influenciado ou influenciam a opinião pública em relação à ditadura militar?
- Elas podem ser aplicadas a situações políticas e sociais atuais?
- Cite 2 músicas atuais que poderiam ser usadas como forma de conscientização.
Clique no link e tenha acesso ao material para baixar faça um Ctrl C e um Ctrl V e arrume como bem entender e se fez alterações deixe aqui nos comentários. Se usou outras musicas ou alterou as perguntas deixa aqui.
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