Marcel Duchamp , 1917, Fonte , fotografia de Alfred Stieglitz na Galeria de Arte 291, após a exposição da Sociedade de Artistas Independentes de 1917, com a etiqueta de entrada visível. O pano de fundo é Os Guerreiros, de Marsden Hartley .
Dadaísmo_e_Surrealismo_A_Arte_que_Nasceu_do_Caos_e_dos_Sonhos.pptx de Bruno Busnardo
Atividade 1: O "Cabaret Voltaire" na Sala de Aula (Foco em Dadaísmo e Ação)
A Primeira Guerra foi o "tema gerador" do Dadaísmo. Qual é o "tema gerador" dos seus alunos hoje? Ansiedade? Pressão do vestibular? Crise climática? Excesso de informação?
Momento 1: Leitura do Mundo (15 min)
- Divida a turma em pequenos grupos. Peça para eles listarem em um papel grande (ou lousa digital) as "coisas que não fazem sentido" ou "as coisas que os irritam" no mundo de hoje. Pode ser qualquer coisa: desde a pressão por notas, a falsidade nas redes sociais, até notícias absurdas que eles veem online.
- Partindo da Realidade: Você deve partir da realidade concreta deles, dos seus "temas geradores".
Momento 2: A Ferramenta Dadaísta (10 min)
- Apresente o Dadaísmo de forma muito breve e direta: "Cem anos atrás, jovens como vocês se sentiam exatamente assim, irritados com um mundo que não fazia sentido por causa de uma guerra. A resposta deles foi o DADA, um movimento que usava o caos, a ironia e o absurdo para protestar. Eles criaram a 'anti-arte'".
- Mostre 3 exemplos rápidos e impactantes: um ready-made de Duchamp, uma fotomontagem de Hannah Höch e um poema sonoro.
Momento 3: A Práxis - Criando a Anti-Arte (25 min)
- Lance o desafio: "Agora, vamos usar as ferramentas Dada para responder às nossas próprias irritações". Dê a eles opções de "estações" de criação:
- Estação do Poema do Acaso: Traga jornais e revistas velhas. Eles devem recortar palavras das manchetes que se relacionam com seus "temas geradores", colocar num saco e sortear para criar um "poema do absurdo" sobre a vida hoje.
- Estação do Ready-Made Conceitual: Peça para eles pegarem um objeto da mochila (garrafa, estojo, fone de ouvido) e darem um novo título que o transforme em uma crítica. Ex: um celular virado para baixo pode se chamar "A Conversa que Não Temos". Eles escrevem o título em um post-it e colam no objeto.
- Estação da Fotomontagem Digital: Usando um aplicativo de celular gratuito (como o Canva), eles devem pegar imagens da internet (memes, fotos de notícias, publicidade) e misturá-las para criar uma fotomontagem que critique um dos problemas que eles listaram.
Momento 4: O Cabaret Voltaire (15 min)
- Cada grupo apresenta sua criação. Os poemas são lidos em voz alta (até mesmo de forma caótica, todos ao mesmo tempo), os ready-mades são expostos e as fotomontagens projetadas.
- Fechamento: Termine com uma roda de conversa: "Foi difícil criar algo sem 'regras'? O que vocês sentiram? A arte precisa ser bonita para ter valor? O que um meme e uma obra de Duchamp têm em comum?".
Por que funciona? Os alunos vivenciam o processo Dadaísta. Eles não aprendem sobre o protesto, eles protestam com arte. A aula se torna um ato de criação e crítica, não de absorção.
Atividade 2: A Máquina de Sonhos (Foco em Surrealismo e Subjetividade)
Aqui, a inspiração é a valorização do mundo interior, algo muito forte na adolescência. A pedagogia se conecta com a escuta sensível e a expressão do eu.
Momento 1: Mergulho no Inconsciente (15 min)
- Crie um ambiente tranquilo. Se possível, reduza a luz. Coloque uma música ambiente, instrumental e etérea.
- Peça para os alunos fecharem os olhos e conduza um exercício de "escrita automática". Diga para eles escreverem por 5 minutos sem parar, sem pensar, sem se preocupar com a lógica, a gramática ou o sentido. A primeira palavra que vier à mente vai para o papel, e assim por diante. "Deixem a mão correr livre".
- Conexão Pedagógica: Você está validando o fluxo de consciência deles, o pensamento não-linear, o "não-racional" que a escola tradicionalmente reprime.
Momento 2: A Ferramenta Surrealista (10 min)
- Enquanto eles ainda estão nesse estado mais introspectivo, apresente o Surrealismo: "Existe um movimento artístico que acredita que essas ideias 'sem lógica' que acabaram de sair de vocês são a matéria-prima mais poderosa da arte. Eles se inspiraram em Freud e nos sonhos para criar. O nome disso é Surrealismo".
- Mostre 3 obras: "A Persistência da Memória" (Dalí), "O Filho do Homem" (Magritte) e uma obra de Remedios Varo ou Leonora Carrington (para mostrar a força feminina no movimento).
Momento 3: A Práxis - O Cadáver Esquisito (25 min)
- Explique o jogo surrealista "Cadavre Exquis" (cadáver esquisito).
- Versão com Desenho: Em grupos, cada aluno recebe uma folha de papel e a dobra em 3 ou 4 partes. No primeiro segmento, um aluno desenha uma cabeça (humana, animal, objeto). Ele dobra o papel para esconder o desenho, deixando apenas as linhas do pescoço visíveis para o próximo. O segundo desenha o tronco, o terceiro as pernas, e o último os pés.
- Versão com Frases: A mesma lógica, mas com palavras. O primeiro escreve um sujeito, o segundo um verbo, o terceiro um objeto, o quarto um lugar. Ex: "Uma nuvem gigante / devorou / o despertador / no fundo do mar".
- Ao final, os papéis são abertos, revelando as criaturas e frases fantásticas criadas coletivamente e pelo acaso.
Momento 4: Galeria dos Sonhos (15 min)
- Exponha os desenhos e leia as frases. A reação da turma geralmente é de surpresa e muito riso.
- Fechamento: "Por que essas imagens são tão estranhas e fascinantes? O que elas nos dizem sobre nossa imaginação? Como um filme como 'A Origem' ou um jogo de videogame com mundos fantásticos usa essas mesmas ideias?".
Por que funciona? A aula se torna um espaço seguro para a imaginação e a colaboração. Os alunos percebem que a criatividade não depende de "saber desenhar", mas de se permitir ser livre e espontâneo. Eles aprendem o conceito de "automatismo" e "inconsciente" fazendo, não ouvindo.
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